27.07 – LÍNGUA PORTUGUESA
Olá amigos do Blog boi Conectado, hoje nós vamos ver os tipos de poemas mais comuns que existem, para inspirar a suas produções.
Terceto
É um poema de três versos. Quando musicado diz-se que é uma estrofe de três versos.
Azaleia no jardim
Finja logo que é jasmim
Prima Vera vem aí.
Janice Lima
Quarteto
Estrofe com quatro versos
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Mário Quintana)
Redondilha
O poema possui 12 versos ao todo, divididos em três estrofes com 4 versos cada uma, trata-se de uma redondilha maior.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(Fernando Pessoa)
Haikai
Haicai, também chamado de “Haiku” ou “Haikai”, é um poema curto de origem japonesa. A palavra haicai é formada por dois termos “hai” (brincadeira, gracejo) e “kai” (harmonia, realização), ou seja, representa um poema humorístico. Exemplo:
“Tudo dito,
Nada feito,
Fito e deito.”
(Paulo Leminski)
Nada feito,
Fito e deito.”
(Paulo Leminski)
Ode
O termo tem origem no grego “odés” que significa “canto”. Na Grécia Antiga, "ode" era um poema sobre algo sublime composto para ser cantado individualmente ou em coro, e com acompanhamento musical. São poemas de exaltação e elogio.
O poema “Ode triunfal” do poeta português Fernando Pessoa, através do seu heterônimo Álvaro de Campos, representa um canto de louvor e exaltação à modernidade. Segue abaixo um trecho desse poema:
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Elegia
A elegia é um tipo de poesia que ficou caracterizada por seu conteúdo temático, e não por sua forma. consiste em uma poesia melancólica, triste ou complacente, sendo empregada principalmente em textos de lamento de morte, em letras de músicas para funerais e em demais situações que acarretem a sensação de intensa tristeza, pesar e saudosismo.
Elegia para minha mãe
Nesta quebrada de montanha, donde o mar
Parece manso como em recôncavo de angra,
Tudo o que há de infantil dentro em minh'alma sangra
Na dor de ter visto, ó Mãe, agonizar!
Entregue à sugestão evocadora do ermo,
Em pranto rememoroso o teu lento martírio
Até quando exalaste, à ardente luz de um círio,
A alma que se transia atada ao corpo enfermo.
Relembro o rosto magro, onde a morte deixou
Uma expressão como que atônita de espanto
(Que imagem de tão grave e prestigioso encanto
Em teus olhos já meio inânimes passou?)
Revejo os teus pequenos pés... A mão franzina...
Tão musical... A fronte baixa... A boca exangue...
A duas gerações passara já teu sangue,
- Eras avó -, e morta eras uma menina.
No silêncio daquela noite funeral
Ouço a voz de meu pai chamando por teu nome.
Mas não posso pensar em ti sem que me tome
Todo a recordação medonha do teu mal!
Tu, cujo coração era cheio de medos
- Temias os trovões, o telegrama, o escuro -
Ah, pobrezinha! um fim terrível o mais duro,
É que te sufocou com implacáveis dedos.
Agora que me despedaça o coração
A cada pormenor, e o revivo cem vezes,
E choro neste instante o pranto de três meses
(Durante os quais sorri para tua ilusão!),
Enquanto que a buscar as solitárias ânsias,
As mágoas sem consolo, as vontades quebradas,
Voa, diluindo-se no longe das distâncias,
A prece vesperal em fundas badaladas!
Parece manso como em recôncavo de angra,
Tudo o que há de infantil dentro em minh'alma sangra
Na dor de ter visto, ó Mãe, agonizar!
Entregue à sugestão evocadora do ermo,
Em pranto rememoroso o teu lento martírio
Até quando exalaste, à ardente luz de um círio,
A alma que se transia atada ao corpo enfermo.
Relembro o rosto magro, onde a morte deixou
Uma expressão como que atônita de espanto
(Que imagem de tão grave e prestigioso encanto
Em teus olhos já meio inânimes passou?)
Revejo os teus pequenos pés... A mão franzina...
Tão musical... A fronte baixa... A boca exangue...
A duas gerações passara já teu sangue,
- Eras avó -, e morta eras uma menina.
No silêncio daquela noite funeral
Ouço a voz de meu pai chamando por teu nome.
Mas não posso pensar em ti sem que me tome
Todo a recordação medonha do teu mal!
Tu, cujo coração era cheio de medos
- Temias os trovões, o telegrama, o escuro -
Ah, pobrezinha! um fim terrível o mais duro,
É que te sufocou com implacáveis dedos.
Agora que me despedaça o coração
A cada pormenor, e o revivo cem vezes,
E choro neste instante o pranto de três meses
(Durante os quais sorri para tua ilusão!),
Enquanto que a buscar as solitárias ânsias,
As mágoas sem consolo, as vontades quebradas,
Voa, diluindo-se no longe das distâncias,
A prece vesperal em fundas badaladas!
Manuel Bandeira
Soneto
O soneto é uma composição poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais frequente o decassílabo (10 sílabas poéticas no verso), e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a ideia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor.
Soneto da Fidelidade
(Vinícius de Moraes)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Poemas com versos livres e brancos
O poema com verso livre não possui métrica nas estrofes, geralmente também não tem rima no final do verso e nem rimas internas dentro do poema, muito cuidado para não confundir uma poesia com versos livres com um texto em prosa, pois apesar de o verso livre não ter a métrica e a rima ele ainda possui o ritmo e é feito em estrofes, por isso se diferencia do texto em prosa que é construído em parágrafos.
Poemas com versos brancos significa que o poema não tem rima, essa denominação “verso branco” é para se referir a falta de rima em um poema.
Veremos agora dois poemas de Carlos Drummond de Andrade, que foi o verdadeiro gênio do verso livre:
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Poema visual ou concreto
Poesia concreta é um tipo de poesia vanguardista, de carácter experimental, basicamente visual, que procura estruturar o texto poético escrito a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal. Veja alguns exemplos:
Chegamos ao fim dos exemplos, vimos, Terceto, Quarteto, Redondilhas, Haikai, Ode, Elegia, Soneto, versos livres e brancos, por fim poemas concretos. E aí galera de qual tipo de poesia tem mais a ver com você? Deixem aí nos comentários!
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