Olá amigos do blog boi conectado, hoje vamos tratar de dois assuntos muito especiais; música e poesia. Preparei hoje um top 10 das melhores combinações entre música e poesia da história da música brasileira, claro que esta é a minha modesta opinião, mas você pode montar a sua lista aí nos comentários. Sem mais delongas vamos ver a lista:
- Zé Ramalho - Admirável Gado Novo
Já no título a letra faz uma bela referência, o nome “Admirável Gado Novo” é uma alusão ao livro Admirável mundo novo escrito por Aldous Huxley. A letra fala de exploração e manipulação assim como isso é abordado no livro.
- Racionais MC's - Negro Drama
Tenho certeza de que todos vocês conhecem essa letra e música, ela é um hino da periferia e com certeza ela retrata o grande problema da sociedade brasileira que é o racismo estrutural.
- Cartola - O mundo é um moinho
Cartola sempre foi pobre. Nasceu, cresceu e viveu nos morros cariocas, onde cursou até o primário. Mesmo assim fazia músicas com a mesma genialidade de gênios, como Chico Buarque. O mundo é um moinho é a história de alguém que dá um conselho verídico para outra pessoa, afinal “o mundo é um moinho que tritura os nossos sonhos, muitas vezes”. A música é bem simples, mas com um grande valor, já que é um desabafo de alguém que sofre por amor.
- Luz do Sol - Caetano Veloso
Caetano Veloso aborda na canção “Luz do Sol” um dos processos mais fascinantes do mundo biológico: a fotossíntese! (Luz do sol/Que a folha traga e traduz /Em verde novo/Em folha, em graça, em vida, em força, em luz) Esse processo permite a existência das plantas e, consequentemente, de todos os outros seres vivos. Ao decorrer da letra Caetano vai contemplando e exaltando a vida. É um dos mais belos poemas de sua carreira.
- Construção - Chico Buarque
Construção já foi eleita a melhor música brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone, conta a história de um homem que sofre um acidente durante o trabalho. Em quatro momentos distintos, a narrativa nos permite entender passo a passo o que aconteceu durante o dia do trabalhador, até a tragédia final.
- O Bêbado e A Equilibrista - Aldir Blanc & João Bosco
Infelizmente a covid-19 levou um dos maiores compositores da música brasileira, o Aldir Blanc, mas o seu legado permanecerá vivo em nossas memórias por várias gerações.
O “Bêbado e o Equilibrista” surgiu da vontade de João Bosco homenagear Charlie Chaplin, que havia morrido no Natal de 1977. A inspiração surgiu pelo fato de Chaplin tratar de temas a favor dos miseráveis, mas com alegria - no final dos filmes do Chaplin havia sempre um horizonte onde você podia chegar a pensar em um dia viver em um mundo diferente. Não tão desfavorecido como este, essa era visão dos autores de o Bêbado e o Equilibrista, a música passou a ser o Hino da anistia política ao pedir pela volta do irmão do Henfil, exilado na época da ditadura. A música passou a mobilizar milhares de pessoas pelo fim da repressão, o fim do regime militar, reivindicando a volta da democracia.
- O Tempo Não Para - Cazuza
Em “o tempo não para” está expresso a dificuldade da vida do brasileiro, que muitas vezes “corre na direção contrária”, isto é, se esforça é honesto, mas não é reconhecido. Por outro lado, aqueles que agem mal com as pessoas e com o próprio país, que são gananciosos ao longo da história nacional são aqueles que comandam um ciclo de repetições e frustrações para o cidadão comum. Nos versos “ a tua piscina está cheia de ratos/ tuas as ideias não correspondem aos fatos” está expressa de maneira célebre uma coisa que ocorre no Brasil de não ter uma consciência que permita prevenir os erros e projetar um futuro de prosperidade.
- Legião Urbana - Faroeste Caboclo
Faroeste Caboclo é uma letra tão longa e épica que virou filme em 2013 dirigido por René Sampaio, protagonizado por Fabrício Boliveira como João de Santo Cristo e Isis Valverde como Maria Lúcia. A letra narra a trajetória de João de Santo Cristo é um nordestino que chega a Brasília em 1987, torna-se traficante e apaixona-se por Maria Lúcia. Ao tentar deixar o crime, é morto por um traficante rival.
- GITA - Raul Seixas
Música de Raul Seixas letra de Paulo Coelho, escritor aclamado no Brasil e no mundo conhecido como “o mago”, escreveu umas das canções mais extraordinárias da música brasileira. Com a enigmática letra Gita foi uma das primeiras músicas a ganhar um videoclipe no Brasil. A música foi escrita nos anos de chumbo da ditadura militar, período em que muitos temas eram censurados, talvez por isso, a escolha de um tema que remeta ao misticismo e ao exotérico. A inspiração para construção da poesia em “Gita” vem do hinduísmo (religião de origem indiana), mais especificamente do texto sagrado hindu chamado “Bhagavad Gita”, O texto é escrito em sânscrito, relata o diálogo de Krishna, considerado como a suprema personalidade de Deus - verdade absoluta e inconcebível - com Arjuna (Seu discípulo guerreiro) em pleno campo de batalha. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre seu dever e recebe iluminação diretamente do Senhor Krishna, que o instrui na ciência da autorrealização ao explicar-lhe a coisas. O texto hindu, e a música “Gita”, trata de mostrar como Deus se manifesta ao ser humano que é limitado e incapaz de entender a sua grandiosidade.
- Vinicius de Moraes Eu sei que vou te amar
A escolha dessa música é pelo fato de que nessa versão do vídeo Vinicius de Moraes declama o “soneto de fidelidade”, um dos sonetos mais bem elaborados escritos em língua portuguesa. Além disso a composição musical de Tom Jobim dá a música uma beleza quase que inigualável.
Menções honrosas:
Rosa de Hiroshima - Secos & Molhados poema de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes escreveu o poema Rosa de Hiroshima inspirado pelo ataque atômico provocado pelos Estados Unidos contra o Japão no final da Segunda Guerra Mundial em 1946 e publicado no livro Antologia Poética, o poema tinha o nobre objetivo de ser um protesto contra os ataques, além de levantar a bandeira pacifista e antinuclear. Anos depois, em 1973, os versos foram musicados pelo grupo Secos & Molhados.
Xibom Bombom - As meninas
Meu jovem, se você tem entre 12 ou 14 anos talvez seja difícil para você imaginar que o Brasil da década de 90 era dominado pelo ritmo do Axé e do pagode. Hoje em dia a predominância é da música sertaneja e do Funk. Mas estou chamando sua atenção para esse fato, porque a música “Xibom Bombom” do grupo “As Meninas” é uma das raras letras de música de Axé que aborda o tema da desigualdade social, e o mais espantoso é que a letra faz um sentido absurdo! Confere aí no Vídeo!
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